Pandeiro Instrumento Brasileiro por Yassir Chediak

PANDEIRO, INSTRUMENTO BRASILEIRO

Chegou a hora desta gente bronzeada mostrar seu valor
Eu fui à Penha e pedi à Padroeira para me ajudar
Salve o Morro do Vintém, Pendura a Saia eu quero ver
O Tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar

O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada
Anda dizendo que o molho da baiana melhorou seu prato
Vai entrar no cuscuz, acarajé e abará
Na Casa Branca já dançou a batucada com ioiô e iaiá

Brasil, Brasil esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros que nós queremos sambar
Há quem sambe diferente noutras terras
Outra gente num batuque de matar

Batucada, reuni vossos valores
Pastorinhas e cantores
Expressão que não tem par, oh, meu Brasil

Brasil, esquentai vossos pandeiros
Iluminai os terreiros que nós queremos sambar

Quase todo mundo conhece a música BRASIL PANDEIRO de Assis Valente, principalmente nas interpretações de Cardem Miranda e dos Novos Baianos. Mas poucos conhecem a história do PANDEIRO.

De origem Árabe (Fenícia), o pandeiro é feito por um aro de madeira com pequenas aberturas (fresas) onde se encaixam as platinelas ou soalhas, revestido com couro ou, atualmente, com pele de nylon e tocado com batidas de uma das mãos para marcar o tempo da música ou da dança, especialmente a cigana. A outra mão segura o instrumento, fazendo pequenos movimentos de meia rotação.

Presente em todas as festas onde há música, às vezes tinha (ou tem?) outra função: entre os israelitas era usado em sinal de júbilo, entre os egípcios era usado para o luto, mas na Europa ganhou a Corte e foi adotado em orquestras, recebendo a atenção de músicos como Mozart, por exemplo.

Em seus primórdios era quadrado mas, com o tempo, foi se aperfeiçoando até chegar à forma atual, cujo tamanho pode variar de10, 10.5, 12 ou 15 polegadas. (Os árabes ainda usam o adufe – pandeiro quadrado).

Segundo mestre Câmara Cascudo o pandeiro “Foi trazido para o Brasil pelos portugueses, que o tiveram através de romanos e árabes.” Entre nós, se difundiu e é ainda Câmara Cascudo que nos informa: “No velho sertão de outrora o pandeiro esteve na sua época. Resistiu até a segunda metade do séc. XIX, mas já usado parcamente. Inácio da Catingueira, que faleceu em 1879, ainda cantava desafio, batendo pandeiro, enquanto o colega ponteava a viola, também chamada “guitarra”.

Sim, era usado parcamente, mas logo voltou com toda a força e se tornou um instrumento essencial nas escolas de samba, blocos, folias de reis, forró, baião, embolada, coco, etc., etc. Em sua homenagem um de nossos maiores ritmista adotou-o como nome: Jackson do Pandeiro. E não nos esqueçamos do mangueirense Pandeirinho, o célebre letrista de REMORSO e A SITUAÇÃO DO ESCURINHO .

Seja em que formato for, seja com ou sem couro, o pandeiro é um instrumento que ficará para sempre, como ficarão para sempre sambas, baiões, choros, forrós, etc., que nasceram sob seus sons cativantes, e que representam a alma desse grande povo brasileiro.

“Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros que nós queremos sambar”.

Por: Yassir Chediak

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