O maior encontro de violeiras do Brasil, o Viola em Canto de Mulher, desembarca pela primeira vez no Museu Vivo da Memória Candanga, símbolo da identidade e da memória da capital federal, nos dias 30 e 31 de março, e 01 e 02 de abril, no Núcleo Bandeirante. O evento convida o público a se encantar com um pedacinho desse grandioso universo da música e a viola caipira, que floresce ao longo de 94 anos, e que se prepara para celebrar seu centenário.
Viola em Canto de Mulher traz o sabor da terra e do encantamento do meio rural, com mulheres artistas protagonistas na produção musical, como intérpretes, compositoras e instrumentistas, em canções entoadas na viola de dez cordas, a viola caipira, que perpassa gerações com suas raízes preservadas e valorizadas.
Em sua quarta edição, o Viola em Canto de Mulher tem a premissa de incentivar e reconhecer o protagonismo de mulheres que de forma incansável e revolucionária, apaixonadas pela cultura e música caipiras, lutaram bravamente pela conquista desse espaço, considerado ‘tradicionalmente’ de homens. A presença feminina na música caipira revela as marcas do amor e da luta da mulher pela busca da liberdade, respeito e igualdade de direitos. São histórias simbólicas que mudaram não apenas o cenário da música caipira, mas a existência da mulher no país, rompendo com os padrões estabelecidos na cultura e nas artes da sociedade brasileira.
Nesta edição, uma especial homenagem será realizada para o duo de maior prestígio no Brasil, “As Galvão”, Mary e Marilene (in memoriam) que, em suas vozes, eternizaram a canção “Beijinho Doce” e promete muita comoção. A cativante dupla que encantou o Brasil, com mais de mil músicas gravadas, ao longo de mais de sete décadas de carreira, quebrou barreiras, venceu o preconceito e abriu as portas do mundo da música caipira para outras mulheres.
Programação
Na programação, variada e extensa, mais de 30 artistas sobem ao palco, com representantes da capital federal e de estados como Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais, mostrando a diversidade de estilos e a habilidade feminina com o instrumento de dez cordas.
A noite de abertura, na quinta-feira (29), presenteia o público com apresentações da violeira Dayane Reis (DF), da compositora, produtora, musicista Mayara Góis (SP) e Bete Silva e o Coral Habeas Cantus (DF). O encerramento da noite de estreia fica por conta do show de uma das maiores solistas do país, conhecida como a Violeira do Universo, Juliana Andrade e suas filhas Lívia e Lavínia, de São José do Rio Preto (SP). Juliana Andrade é referência para muitas violeiras, famosa por solar a viola na afinação de cebolão de grandes violeiros, como João Mulato, Tião Carreiro, Bambico, dentre outros. Para a violeira: “Reconhecer que a luta não foi fácil é um dever, saber que temos mulheres brilhantes que realmente mudaram a vida de tantas outras, promovendo um novo e nobre território de ternura, amor e força, numa mensagem de libertação e vitórias.”
Na sexta-feira, sobem ao palco a violeira, compositora e produtora Karen Parreira (DF), Karoline Violeira, compositora e catireira de Botucatu (SP), as irmãs Lizandra e Victória, de Nova Odessa (SP) e Mary Galvão e Mário Campanha, dupla formada pela célebre Mary Galvão, que formou a dupla “As Galvão” com sua irmã Marilene, falecida em agosto do ano passado, e seu marido, o maestro Mário Campanha.
Carol Carneiro (DF) dá início aos shows da noite de sábado, trazendo a alegria dos festejos das culturas populares. Na sequência sobem ao palco a dupla cuiabana Maisa e Amarilis, e Priscilla e Geisa Helena, dupla de mãe e filha, mineiras de Uberlândia. A noite finaliza com a violeira Adriana Farias, de São Paulo, famosa por participações em grandes bandas e gravações com renomados artistas, com 40 anos de carreira. Adriana apresentou o tradicional programa “Viola Minha Viola” e trabalhou ao lado de cantores como Fábio Júnior, Vavá, Vanessa Camargo, Leandro e Leonardo, dentre outros.
No domingo, último dia do evento, os shows, que começam às 11h, apresentam a jovem violeira Gaby Viola (DF), o Trio Viola com Elas, formado pelas violeiras: Vitória da Viola, Mel Moraes e Carol Viola, do interior de São Paulo, que traz a junção das duas mais fortes vertentes da Viola Caipira Instrumental: o tradicional e o contemporâneo, e a violeira Jucimara Lins (SP). A dupla Leyde e Laura (SP), consideradas referências do gênero, com 25 anos de carreira, encerram o evento com um show grandioso, confirmando o talento do duo e sua enorme paixão pela música caipira de raiz. No último dia do evento, o público também será agraciado com um grande almoço caipira, trazendo o famoso Costelão de Chão e a Queima do Alho, símbolos da culinária caipira. A participação é aberta mediante a doação de 1 kg de alimento (não perecível), que será trocada por um ingresso, durante os dias de realização do evento (de quinta a sábado), com limite de 700 convites.
Dentre as atividades que integram o evento, será realizada a Exposição Mulheres Violeiras do Brasil, digital e interativa, a mostra evidencia grandes ícones da música e da viola caipira no campo feminino, que abriram caminhos e firmaram sua história de garra e coragem. Na seleção das artistas, o público terá a oportunidade de observar fotos e ouvir músicas como, por exemplo, do duo homenageado ‘As Galvão’, as damas da viola, Helena Meirelles e Inezita Cardoso, Zita Carreiro, dentre tantas outras. Uma mostra que revela uma série de mulheres emblemáticas de notório e inquestionável talento e vocação para a música caipira.
Compondo a programação, há ainda, a realização de Rodas de Conversa, com a participação de violeiras convidadas e com o propósito de lançar luz ao debate e à construção de políticas públicas que promovam novos espaços e que valorizem o protagonismo feminino; e reflitam a preservação e valorização de uma das mais relevantes e significativas expressões artísticas da identidade cultural brasileira, a música e a viola caipiras.
Viola em Canto de Mulher tem, portanto, a premissa de reconhecer o talento, e o protagonismo de mulheres no universo da música caipira e promover o enfrentamento contra a realidade que recusou, ao longo de anos, a igualdade entre gêneros.
“O encontro nos inspira, e nos faz conhecer cada vez mais a potência das violeiras de nosso Brasil” declara Geralda Rodrigues, diretora da VBS Produções. “A ideia é destacar o esforço e dedicação das violeiras de várias gerações de todo o Brasil, cantando e tocando viola, mostrando a beleza, a diversidade e pluralidade das artistas.”
O encontro também se destaca na composição da equipe de produção do evento que estabeleceu foco na contratação de mulheres, representadas nos cargos de coordenação, produção e comunicação.
Cuidados especiais também podem ser vistos na inclusão de um espaço acessível, em frente ao palco, e na tradução em libras, que visam proporcionar uma boa experiência e um tratamento adequado a visitantes com qualquer tipo de deficiência.
O projeto é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. A entrada é franca e a classificação livre.
O público poderá conferir também, feira de artesanato e barracas de comidas típicas.
Geração de Violeiras no DF
A capital federal tem se despontado também como celeiro da música e da viola caipira também na produção musical feminina. Na estrada da música de raiz, a geração feminina da música e da viola caipira está muito bem representada pelas brasilienses Karen Parreira, Dayane Reis, Carol Carneiro e da jovem Gaby Viola, que seguem à luz das grandes mestras e mestres, e já são reconhecidas por suas trajetórias consolidadas.
Histórico
O projeto, pioneiro na valorização das mulheres violeiras do Brasil que fazem parte do segmento da música e viola caipira, foi idealizado pelo produtor, violeiro, cantador e compositor Volmi Batista, e teve sua primeira edição realizada em 2019, no Teatro dos Bancários, em Brasília, com a premissa de celebrar o dia internacional da mulher. Em 2021, em meio a crise sanitária, houve uma edição virtual que contou com a participação de mais de 20 mulheres violeiras de vários estados do país, que foi retransmitida por vários canais, incluindo a TV Comunitária e o canal da Secretaria de Educação do DF. Com o sucesso do primeiro encontro, o projeto desembarcou, em junho de 2022, numa versão especial, realizada em parceria com a dupla Leyde e Laura, em São Paulo. Desde a terceira edição, o encontro tem sido realizado de forma híbrida, ou seja, presencial e online, sendo transmitido pelo canal do Youtube do Clube do Violeiro Caipira.
Programação Geral
Quinta-Feira – 30/03
19h – Roda De Prosa – Presencial e Online.
20h – Apresentações Musicais
Dayane Reis
Mayara Góis
Bete Silva e Coral Habeas Cantus
Juliana Andrade e as filhas Lívia e Lavínia – Show Em Família
Sexta-Feira – 31/03
19h Roda De Prosa – Presencial e Online.
20h – Apresentações Musicais
Karen Parreira
Karoline Violeira
Lizandra e Vitória
Meyre Galvão e Mário Campanha
Sábado – 01/04
19h – Roda De Prosa – Presencial e Online.
20h – Apresentações Musicais
Carol Carneiro
Maisa e Amarilis
Priscilla e Geisa Helena
Adriana Farias
Domingo – 02/04
11h – Apresentações Musicais
Gaby Viola
Trio Viola com Elas
Jucimara Lins
Leyde e Laura
Atrações Diárias
Rodas de Prosa
Exposição “Mulheres Violeiras do Brasil”
Feira de Artesanato
Praça de Alimentação com Comidas Típicas – “Culinária Regional”
Serviço
Data: Dias 30 e 31 de março e 01 e 02 de abril de 2023
Horário: Dia 29, 30 e 01 (de quinta-feira a sábado), às 20h e Dia 02 (domingo), às 11h
Local: Museu Vivo da Memória Candanga – Núcleo Bandeirante